Notícias 08 Junho 2015

'Empatar' despesas e ganhos de empresa leva tempo; saiba planejar Destaque

Entre abrir um novo negócio e chegar ao chamado ponto de equilíbrio – o "break even", estágio em que a empresa ainda não lucra, mas consegue empatar as receitas com as despesas para zerar o orçamento do mês –, os empresários passam por um período que requer muito planejamento. O tempo até conseguir equiparar ganhos e gastos precisa ser estimado antes da inauguração. Mesmo assim, há casos em que o ponto de equilíbrio demora mais a chegar e o negócio acaba fechando as portas.

Para que o empresário não fique no prejuízo, é necessário entender o próprio negócio, dizem os especialistas. O consultor de negócios Daniel Schnaider aponta que é possível chegar ao “xis da questão” do ponto de equilíbrio com alguns dados em mãos. “O ponto de equilíbrio é o número de unidades que eu tenho que vender do produto para a minha receita e minha despesa ficarem equacionadas”, diz o especialista em estratégia.

Calculadora na mão

Há três pontos fundamentais para fazer esse cálculo, ensina Schnaider. “O primeiro deles é o custo fixo da operação, ou seja, quanto custa para manter a empresa aberta. Depois vem o custo variável, que é o quanto custa criar cada unidade do produto vendido ou serviço prestado. O terceiro é o preço de venda do produto ou serviço”, lista ele. “O custo fixo dividido pelo preço de venda menos o custo variável vai me dar quantas unidades tenho que vender para pagar o custo fixo”, ensina.

Seguindo essa fórmula, o dono de um pequeno negócio de sapatos, por exemplo, que tenha um gasto fixo mensal de R$ 6 mil com despesas como o espaço e funcionários, gaste R$ 20 para fabricar cada sapato e venda a unidade por R$ 50 precisa comercializar pelo menos 200 unidades por mês para zerar as contas da empresa, sem lucro nem prejuízo. “Isso significa pelo menos pagar as contas e sobreviver”, diz Schnaider.

Essa não é a única conta necessária para o planejamento de um novo empreendimento. Antes de abrir o negócio, é preciso fazer uma estimativa de quanto tempo vai levar para atingir o ponto de equilíbrio. Além disso, é necessário fazer outro cálculo, lembra Adalto Barbaceia Gonçalves, professor da pós-graduação em finanças do Insper: “Se a empresa acredita que vai levar 1 ano para chegar ao equilíbrio e tiver custo fixo de R$ 5 mil, precisa ter no caixa pelo menos R$ 60 mil para se manter nesse período”, diz ele, ressaltando a importância de ter um capital de reserva para os primeiros meses.

Na prática

Fábio Duran, um dos sócios do negócio de marketing digital Elefante Verde, de Mogi das Cruzes (SP), tem na ponta da língua o resultado do cálculo que aponta o ponto de equilíbrio de seu negócio. Para zerar as contas da empresa, que trabalha no esquema de franquias, precisa vender duas unidades por mês. “Nós estamos muito próximos do ponto de equilíbrio”, afirma.

A Elefante Verde é especializada em marketing digital para pequenas e médias empresas, e oferece serviços para torná-las presentes na internet. Também foi feito o cálculo do tempo estimado para novos que franqueados atinjam o ponto de equilíbrio com a unidade: entre 6 e 12 meses.

O planejamento, no entanto, precisou ser refeito várias vezes com o negócio em funcionamento, já que a empresa passou por mudanças de estruturação desde que foi fundada, em 2011, pelo empresário Caio Sigaki.

Após a inauguração, o ponto de equilíbrio foi atingido cerca de 6 meses depois, segundo Duran. Ao longo dos anos seguintes, porém, a empresa ganhou outros sócios até chegar ao número atual de oito componentes. O valor investido aumentou e a estimativa de ponto de equilíbrio foi refeita a partir do novo modelo.

“O investimento inicial foi baixo, tudo começou com R$ 10 mil. Já no final de 2011 havia alcançado o ponto de equilíbrio por ser mais enxuto o modelo. Depois vieram sócios investidores e passou para R$ 150 mil. Depois dessa primeira rodada, em 2013 tiveram mais duas rodadas de investidores, e foram levantados mais R$ 300 mil. Mas tudo isso é para estruturar, crescer e ter caixa para novas contratações. A gente ainda não tira dinheiro da empresa”, relata Duran.

Outro caso é o do dentista Paulo Zahr, criador da rede de franquias OdontoCompany. Ele conta que logo que abriu o primeiro consultório, em São José do Rio Preto (SP), era necessário que pelo menos 75% do tempo de trabalho fosse ocupado com atendimentos de clientes – ou seja, o ponto de equilíbrio era 75% da agenda preenchida.

O negócio foi aberto nos anos 1990, época de inflação descontrolada, lembra o empresário. O ponto de equilíbrio foi atingido no segundo semestre após a inauguração. “Quando a gente abriu foi uma época de inflação, uma loucura, acordava com um preço e dormia com outro. Naquela época você não sobreviveria se demorasse mais do que isso [para alcançar o ponto de equilíbrio]”, conta Paulo.

Hoje, a proporção de horários lotados contra os livres nas agendas dos consultórios para que os gastos pelo menos empatem com os ganhos é outro. A meta calculada é que, com no mínimo 8 cadeiras por consultório, a agenda de um mês já esteja lotada quando ele começa. “Estamos em maio já trabalhando a agenda de junho. Se não está garantida a agenda, tem que lançar mão de uma campanha [de propaganda]”, diz Paulo. Com esse esquema, a estimativa para o franqueado da OdontoCompany é de 6 meses para atingir o ponto de equilíbrio.

A conta ainda não fecha e o caixa está no fim. E agora?

Segundo Adalto Barbaceia Gonçalves, “o tempo máximo de tempo de equilíbrio que uma empresa tem que pensar é 24 meses. Se em 24 meses não atingir, alguma coisa está errada”.

Muitas vezes, o planejamento se torna errado já com o negócio em andamento. “Se você planejou vender 5 mil unidades e descobre que vende apenas 2,5 mil, tem que se planejar novamente. Eu posso fazer alguma mudança para vender mais? Posso mudar um componente do produto para diminuir o custo variável [custo para produzi-lo]? São atitudes que a empresa toma depois de descobrir que o planejamento estava errado”, diz Daniel Schnaider.

FONTE: G1

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